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Alunas da mesma turma de Pedagogia da Unespar, mãe e filha celebram primeiro mês de aulas na instituição

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por Fábio Candido dos Santos publicado: 07/05/2024 19h49 última modificação: 07/05/2024 20h11

Um misto de ansiedade, entusiasmo, alegria e sentimento de inclusão marcaram o primeiro mês de aulas de Patrícia Petrelli Bárbara, de 49 anos, e Isabella Eduarda Petrelli Bárbara, de 18, respectivamente mãe e filha, alunas da mesma turma de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Moradoras de Mamborê, município a cerca de 40 km do campus de Campo Mourão, para onde viajam nas noites de segunda à sexta para frequentar o curso, Patrícia e Isabella se sentiram acolhidas desde o primeiro dia de aula, apesar da ansiedade e da apreensão com o primeiro contato com a instituição.

“O pátio estava lotado. Eu gostei muito! Senti-me muito à vontade. Gosto de estudar. Achei a professora [Laís Pacifico Martineli] muito boa. Pessoa muito capacitada. Voltei bem animada e motivada. Feliz! E tirou aquela apreensão e ansiedade que eu estava sentindo”, contou Patrícia.

Isabella, que é uma pessoa com deficiência visual e partilhava da ansiedade da mãe, se acalmou assim que entrou em sala: “Fiquei mais tranquila porque nós conhecemos a professora Laís, que é de história da educação, e me recebeu muito bem. A minha impressão foi muito boa”, explicou a filha.

Diante da reação positiva das alunas ao ambiente receptivo da instituição, o reitor em exercício da Unespar, Edmar Bonfim de Oliveira, afirmou ser “um privilégio receber mãe e filha em um mesmo curso de graduação, uma vez que o feito reforça o papel agregador e transformador da educação em geral e da Unespar em particular. O fato de a filha se sentir acolhida e atendida é motivo de orgulho de todos aqueles que fazem desta universidade uma instituição inclusiva e acolhedora”.

A fala de Oliveira se articula ao ambiente amigável promovido por docentes, agentes e alunos da Unespar ainda no primeiro dia de aula, segundo Patrícia: “Houve uma recepção com todos os professores, com apresentações. Fui narrando o tempo todo para a Isabella”.

Sem contar a recepção promovida pelo Núcleo de Educação Especial e Inclusiva (Nespi) da Unespar que, segundo Isabella, “já entrou em contato com a gente e conversamos. Eles têm uma rede de apoio muito boa para alunos com necessidades especiais”.

A proeza de passarem juntas no vestibular da Unespar só foi possível porque Patrícia, movida simultaneamente por um sentimento maternal e pelo desejo de voltar a estudar depois de 30 anos, se juntou à filha caçula na disputa por uma vaga no vestibular da Unespar. Preocupada com o bem-estar de Isabella, a mãe prometeu acompanhá-la, caso a jovem fosse aprovada, nas viagens até Campo Mourão.

“O pai, protetor, queria que ela fizesse à distância. Hoje, no mundo em que a gente vive, com muita maldade, tanta violência, tínhamos essa preocupação, mas eu via que ela queria fazer presencial. Um dia falei para ela: ‘você quer fazer? Então você vai fazer’. Nem que, para isso, eu tenha de ir todos os dias [para] te acompanhar”, lembrou a mãe.

Como teria mesmo de ficar à espera de Isabella, permanecendo no campus durante todo o período de aula, Patrícia, que já queria retomar os estudos, encontrou a motivação que faltava para se inscrever, com Isabella, para o vestibular em Pedagogia, aliando, literalmente, “o útil ao agradável”. 

“Eu não tive a oportunidade de estudar. Casei-me muito nova, trabalhava fora e morava distante da cidade onde havia a faculdade. Isso impossibilitou que eu estudasse. Mas sempre fui uma pessoa muito curiosa, sempre li muito, trabalhei com jovens e adolescentes, fiz curso de teologia. No meu coração eu tinha a certeza de que em algum momento eu ia voltar a estudar”, revelou a mãe.

A escolha pela Pedagogia se deu por ser um curso que se articula aos interesses de Patrícia e, ao mesmo tempo, já havia sido escolhido pela filha como opção para o vestibular. “Dos oferecidos pela Unespar em Campo Mourão, é um que eu gosto porque trabalho com jovens e adolescentes. Tenho fé de que uma boa educação dá uma base para a vida. E, como a Isabella sinalizou a pedagogia antes de mim, falei para tentarmos o mesmo curso”, explicou.

Antes mesmo de fazer o vestibular, Isabella, que toca teclado e é aficionada por música, se planejou para o momento em que fosse aprovada. Ainda no ensino médio, fez curso de digitação para deficientes visuais e tomou a decisão de usar o notebook em vez da máquina de braile em sala para se preparar mais adequadamente ao momento de ingressar no ensino superior.

A preparação ainda foi reforçada pela Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI) ao enviar à jovem, então no ensino médio, um par de óculos de inteligência artificial (fabricado em Israel, no valor estimado de R$ 20 mil) que, a partir de uma câmera acoplada, capta imagens - inclusive texto - e reproduz áudio, sem a necessidade de conexão com a internet, além de fazer reconhecimento facial.

Toda esse cuidado se soma à determinação de Isabella, que, mesmo após pegar dengue, ainda se utilizou dos últimos dias de recuperação da doença para enfrentar a viagem até Campo Mourão e não perder mais aulas, demonstrando - inclusive para a mãe - o quão importante é a educação para a futura pedagoga.

Entre expectativa, apreensão, alegria e entusiasmo, mãe e filha celebram, juntas, o primeiro mês da caminhada pelo conhecimento abraçadas pela Unespar.