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Conheça Marla Dias da Rocha, primeira aluna travesti do campus de Campo Mourão

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por Marina Santos Daum publicado: 28/06/2021 16h19 última modificação: 05/07/2022 08h30

Hoje (28) celebramos o dia do Orgulho LGBTQIA+ e como um marco importante para a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em Campo Mourão contamos com a matrícula da primeira aluna travesti do campus, Marla Dias da Rocha de 46 anos, para o curso de Turismo e Meio Ambiente.

Originalmente, Marla é técnica de enfermagem e desempenhou sua profissão por 7 anos, atuando até mesmo na Secretaria de Saúde de Campo Mourão. Com o anseio de buscar novas expectativas, escolheu investir na área de Turismo, por conta das vastas oportunidades que o setor pode lhe proporcionar. “Foi uma área (turismo) que me identifiquei muito e a cada dia que temos aula, me identifico mais ainda”, fala Marla, com entusiasmo.

A aluna está muito feliz em poder ingressar no ensino superior e espera poder incentivar outras mulheres travestis a buscarem melhores condições de vida. “Para mim é muito significativo saber que posso estar abrindo portas para outras pessoas e também posso estar fazendo a diferença”, expressa Marla.

Para o coordenador local do Centro de Educação em Direitos Humanos (CEDH), Jean Pablo Guimarães Rossi, a forma com que os espaços universitários foram constituídos, não permite “que as minorias consigam chegar até esses locais, por ser um ambiente predominantemente cisgênero, masculino, heterossexual, embranquecido e feito para as elites, já que não são todos que conseguem ter acesso aos estudos”, esclarece o professor ao abordar o ambiente acadêmico de forma geral.

“Nós estamos em todos os espaços (pessoas LGBTQIA+) e a sociedade quer que vivamos nas margens, por isso nunca vão enxergar uma mulher travesti dentro de uma universidade ou trabalho formal, como algo positivo”, explica Marla. Apesar das dificuldades que precisa enfrentar, a aluna afirma que dentro da sala de aula está conseguindo ter um bom relacionamento com colegas e professores, sem sofrer preconceitos.

Para Jean, o fato da Marla fazer parte da Unespar pode ser considerado um motivo de felicitação, por finalmente termos uma aluna travesti, mas ainda precisamos nos abrir muito mais à inclusão, para que o ambiente acadêmico seja rico em diversidade. “A presença da Marla tem que servir como um prenúncio de que esse espaço precisa se abrir muito mais. A Marla é a primeira, mas que a presença dela possa trazer muitas outras Marlas e cause uma movimentação para que consigamos nos abrir para todos, todas e todes. Ainda temos muito caminho a ser percorrido, para que todo mundo um dia possa estar ali dentro. Mas aqui a inclusão já está acontecendo”, ressalta Jean.

 

Ações do CEDH

O CEDH tem como objetivo promover um ambiente mais igualitário, pensando em estratégias de permanência para estudantes, assim como afirma Jean, “não basta estarmos abertos ao ingresso dos estudantes, mas também precisamos conseguir pensar em maneiras de diminuir a evasão acadêmica dessas minorias. Precisamos pensar em formas dignas de permanência. A inclusão deve ser pensada de forma ampla”. Para isso o CEDH conta com o apoio de núcleos de ação especializada, como do Núcleo de Educação Especial Inclusiva (Nespi); Núcleo de Educação para Relações Étnico-Raciais (Nera) e Núcleo de Educação para Relações de Gênero (NERG).

Especificamente para atender as demandas de estudantes, docentes e servidores LGBTQIA+, cada um dos sete campi da Unespar conta com uma equipe do NERG, disposta a garantir que todos, todas e todes tenham seus diretos e dignidade preservados.

Algumas soluções que as equipes buscam para colocar em pauta os assuntos da comunidade LGBTQIA+, dentro da Unespar, é através da promoção de palestras, rodas de conversa e debates. “Também mobilizamos as redes sociais do CEDH com relatos LGBTQIA+, principalmente nesse mês de junho. Tomamos como compromisso educar as pessoas sobre os direitos humanos, pois precisamos ter o nosso direito de ser quem somos. Essas discussões fazem com que a Universidade se torne um lugar muito mais aberto e receptivo para todas as pessoas”, reforça Jean.

 

Marla é a primeira aluna travesti do campus de Campo Mourão e costuma afirmar que é da resistência, pois “no país que mais mata essa população de mulheres trans e travestis, a expectativa de vida é de apenas 25 anos, então eu com 46 anos já passei dessa fase, estou aí sobrevivendo e resistindo”, enfatiza.

Por conta disso, Marla e Jean reforçam que não se deve discutir relações LGBTQIA+ apenas em junho, porque essas questões se sobrepõe o tempo inteiro. “Precisamos, cada vez mais, de pessoas engajadas e empenhadas nessa luta, principalmente dentro da Universidade, para que ela se torne mais inclusiva”, finaliza Jean.

 

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