Na última quarta-feira (14) representantes da gestão e estudantes do campus de Paranaguá estiveram na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep) para participar de uma Audiência Pública sobre transporte universitário na região litorânea. O objetivo do debate foi buscar alternativas para a locomoção de estudantes do ensino superior entre os municípios da região.

Segundo relatos coletados pela Divisão de Assuntos Estudantis (Divas) de Paranaguá, os ônibus não fornecem segurança e quebram constantemente, tanto os fornecidos pelas prefeituras quanto os transportes de privados. Outra queixa rotineira é a falta de diálogo com os responsáveis sobre o assunto, nos municípios. Na audiência os estudantes puderam expor as condições que enfrentam há anos e que já fazem parte da rotina, além de propor alternativas aos poderes municipais e estaduais.

Em entrevista com a chefe da Divas do campus Paranaguá, professora Kety C. de March, foi relatado que as reclamações são antigas e que sempre surgem novos problemas. “Já nos foi informado pelos estudantes problemas com ônibus de Antonina que, embora haja lei municipal que obriga o município a fornecer transporte, por longo período parou de ser fornecido. Depois voltou, mas não fazia o transporte às sextas. No ano passado o problema estourou em Matinhos: o ônibus teve princípio de incêndio e depois pararam de fornecer transporte. Guaratuba há anos não oferece mais o transporte público aos estudantes e os horários do transporte de linha fazem com que os alunos fiquem quase 12 horas fora de suas casas para poder estudar. Os estudantes de Pontal do Paraná reclamam que, mesmo quando beneficiados pelo auxílio transporte que a prefeitura fornece, acabam por não conseguir pagar o transporte privado por falta de oferta para períodos matutino e vespertino e dependem do transporte de linha convencional, que tem horários incompatíveis, o que os faz chegar atrasados ou demorar muito para voltar pra casa. Há também reclamações sobre a inconstância da oferta e perigos relacionados ao estado de conservação dos ônibus, tanto públicos como privados”, conta. Para a professora Kety, todos esses fatores “desestimulam as pessoas a dar continuidade aos estudos, aumentam a evasão e impedem o acesso ao ensino superior público e de qualidade”.

Durante a Audiência, o vice-diretor do campus de Paranaguá, Luis Fernando Roveda, destacou o compromisso da Unespar em tentar resolver o problema do transporte no Litoral, e parabenizou a iniciativa da deputada Ana Julia. Roveda indicou que a possibilidade mais viável, e que já havia sido citada, seria a proposição de uma lei que garantisse o transporte universitário. “Para o transporte escolar já existe uma lei, mas infelizmente para o transporte universitário não. A ampla distribuição de universidades no estado foi um grande avanço, e trouxe ao Paraná características ímpares nesse quesito, mas agora está na hora de focarmos em ajudar os alunos a chegar até as salas de aula. A gente está pecando, muitas vezes, em problemas regionais”, destaca o vice-diretor.

A chefe das Divas espera que essa Audiência “surta efeito e sensibilize o poder público para encontrar alternativas que permitam à comunidade litorânea a garantia de acesso amplo ao ensino superior público, gratuito e de qualidade”, reforça.

A Audiência Pública foi organizada pela deputada Ana Julia (PT) e contou também com a participação de representantes do poder executivo e legislativo de municípios do Litoral, gestores da Universidade Federal do Paraná Litoral – Litoral (UFPR) e Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus de Paranaguá.